Amor de minhas entranhas, morte viva,
Em vão espero tua palavra escrita
E penso, com a flor que se murcha
Que se vivo sem mim quero perder-te
O ar é imortal. A pedra inerte
Nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
O mel gelado que a lua verte
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
Tigre e pomba, sobre tua cintura
Em duelo de mordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
Ou deixa-me viver em minha serena
Noite da alma para sempre escura.
Federico García Lorca
De Granada ( de su Granada)
Trad.William Agel de Mello