Manoel de Barros

                 O poeta é um transgressor!

Ao sistema harmônico de palavras (metáforas e termos de ligação) através dos quais o “eu” do poeta se expressa em seu conteúdo e em seu intrínseco ritmo dá-se o nome de Poema. O Poema comunica ao leitor a poesia que existe no poeta.

         As águas subiram…entraram no rancho

A mulher se refugiou no jirau com os filhos, e lá ficava dois meses até que as águas baixassem

O homem chegava de canoa, dava notícias do gado e dormia.

Que solidão!

Jacarés passeavam dentro da casa, pelas peças vazias, apanhando peixes, nas gavetas das mesas.

                                          (Gramática expositiva do chão)

A Poesia de Manoel é despida de roupagens gramatical e lógica. A estrutura sintática permanece como acessória, latente, a palavra perde as suas denotações de dicionário, deixa as aderências de um emprego convencional e sensato para assumir uma linguagem essencialmente conotativa.

O poeta questiona que se abastece na infância e que sua palavra é bem de raiz. Meu interesse está onde o poeta vai se abastecer.

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