O TRILHADOR DE TODOS OS CAMINHOS

A excelência e a originalidade do estilo inconfundível de Hélio Serejo

Hélio Serejo gostaria que as suas muitas obras fossem reconhecidas, mas faltava-lhe oportunidade, até o dia em que foi surpreendido pela capacidade de trabalho e ousadia do Professor Hildebrando Campestrini, na época, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, onde fez grandes coisas na luta que empreendeu pela Literatura do nosso estado.

Dessa luta nasceu uma linda Coleção dos trabalhos do “Cantor dos Ervais”, “Vida e Obra de Hélio Serejo” à disposição de quem gosta, lê, e admira uma boa obra literária.

Com o trabalho já pronto, dividido em 10 volumes, sendo o primeiro explicativo da obra, estava o seu organizador ainda na tarefa incansável de procurar patrocínio para a publicação, quando H. Serejo, muito doente foi internado no Hospital Militar.

Com um gesto “quase filial” o professor Hildebrando colocou nos seus braços todo o trabalho realizado, ao qual H.Serejo abraçou e morreu feliz –  o nosso escritor se foi, mas a sua obra imortal ficou para quem quiser tomar conhecimento dela.

O estilo de Hélio Serejo é inconfundível, sua linguagem singular. Mescla palavras do Guarani e do jargão gaúcho com a naturalidade da linguagem oral, o que torna o seu texto único. Não tinha grande formação acadêmica, mas era um leitor insaciável. As suas construções linguísticas são incríveis.

Em seus trabalhos, apresenta-se de várias maneiras:

“Eu vim de longe, eu sou um misto de poeira da estrada, de fogo de queimada, de aboio de vaqueiro, de passarada em sarabanda festiva no romper da madrugada, de lua andeja rendilhando os campos, as matas, as canhadas, o vargedo. Sou misto, também, de índio vago, cruza-campo e trota-mundo.”

É um escritor que busca o caminho das palavras e com elas faz um festival de beleza e criatividade, basta ver algumas passagens onde se destaca a originalidade da linguagem e alguns títulos de seus trabalhos de rara beleza:

– Deixar que o tempo role, em anoiteceres e madrugadas (VII,180)

– Fatos que ficaram presos, num cantinho do porongo da memória ( VII,164)

– Tempão demorado, envolto nas rodilhas do laço das recordações  (VII,164)

– O vento soprou lá fora, fortemente, um sopro de agonia e dor (II,176)

Homens de Aço

Pialo Bagual

Pelas Orillas da Fronteira

Rincão dos Xucros

Balaio de Bugre

Canto Caboclo

Versos da Madrugada            

O trilhador de todos os caminhos.Vida e obra de Hélio Serejo IHGMS ; 2008; Campo Grade, MS.

 

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