Estava com 11 anos de idade e havia terminado a 1ª série ginasial na escola pública. No primeiro dia de férias , como sempre fazia, estava arrumando o material escolar na estante de casa, quando um livro caiu na minha mão. Olhei o título. “O 15” de Raquel de Queiroz. Examinei o livro, li as contracapas. Sim, o ano de 1915, de seca intensa no Nordeste. Foi o meu primeiro encontro com os literatos do Nordeste – apaixonei-me irremediavelmente por eles. Às vezes as pessoas perguntam: existe uma “Literatura Nordestina” ?
Como não se apaixonar pelas misérias e pelas riquezas das “vidas secas” do grande mestre Graciliano ?
E pelo estilo triste e revelador da poética da “morte e vida Severina” do extraordinário João Cabral ?
E se fôssemos contar depois do 15 mais e mais números da maravilhosa dona Raquel?
E o que dizer do mais incrível criador de personagens, o inigualável pernambucano Ariano Suassuna?
E os Cordelistas, inventores sutis da retórica nordestina?
Volto e pergunto, como muitos: existe uma Literatura Nordestina?