O Homem do Pantanal

Parafraseando Nolasco (2010), quando retoma as palavras biográficas de Hélio Serejo em seu Balaio de Bugre, ao se assumir como “prosador crioulo”, o pantaneiro como sujeito que resulta do amálgama do índio e bandeirante, do negro escravo e do sangue paraguaio, também revelaria além das suas características de sujeito-natureza, as do próprio balaio cultural para evidenciar as especificidades de sua cultura. E, é esse sujeito-natureza que se apresenta:

_ eu vim das secas e das enchentes, dos cantos das seriemas, das queimadas e das salinas, dos peixes e tuiuiús, das areias e garças brancas, carandás e babaçu. Trago revólver na cinta, mas não é para ferir, venho dos ventos, dos cerradões, já vi sucuris das bravas, macegais e jacarés. 

Aberto o balaio cultural do pantaneiro, encontramos os objetos que são importantes na vida desse sujeito – a traia de arreio, os apetrechos de montaria, o tereré, o couro na produção de artefatos – é o nosso crioulismo incrustado na cultura sul-mato-grossense e em nós mesmos, é o nosso caboclismo se manifestando. (Bia Medeiros, 2013).

Além do mais, o pantanal não é como o nome pode sugerir, região brejosa: é seco e apenas sujeito a inundações periódicas. Assim os cavalos não ficam expostos ao perigo do amolecimento do casco, predominando entre eles essa cascaria preta e dura da ancestralidade árabe (Manoel Cavalcanti PROENÇA, 1958).

 

Deixe um comentário