MÁRIO QUINTANA
O Leitor Ideal
O leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.
Uma frase? Que digo? Uma palavra !
O cronista escolheria a palavra do dia : “Árvore”, por exemplo ou “Menina.”
Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em braco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.
Imaginem só, uma meninazinha solta no meio da página.
Sem mais nada
Até sem nome.
Sem cor de vestido nem de olhos.
Sem saber para onde ia...
Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor !
E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...
E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar cavilosamente que a culpa não era do cronista.
Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em branco para tomar os seus apontamentos, fazer seus cálculos ou a sua fezinha.
Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”.
Serve?
Diz um ditado popular que para um bom entendedor, meia palavra basta. E para um bom leitor? Uma palavra basta? A partir de simples palavras: como árvore, menina, ventania o poeta Mário Quintana provoca seus leitores convidando-os a entrar num mundo de devaneios. O poder evocativo das palavras pode nos levar pelos caminhos da lembrança, do sonho, da fantasia.É só ajudar a imaginação a se soltar. Vamos aproveitar a sugestão do autor? Escreva bem no meio de uma página vazia de seu caderno uma palavra de sua escolha. O importante é que seja um substantivo (um nome) a exemplo do que o autor escreveu (árvore, menina, ventania). Em torno dessa palavra vá escrevendo outras que sirvam para caracterizá-la (adjetivos). Comece, agora, a pensar na palavra escolhida como um ser concreto, imaginando ambientes, situações, histórias e vá jogando frases soltas no papel. Você terá , no final, um belo rascunho. Procure organizar com esse material um pequeno texto. Vá juntando palavras, ordenando frases, cortando, acrescentando, mudando o que achar necessário. Faça e refaça seu texto muitas vezes até conseguir um resultado satisfatório.
Marly e Gessy