As canções como conteúdo para estudo da Língua

As canções da MPB são excelentes conteúdos para análise mais aprofundada do texto. Vejam esta, primorosa, do grande compositor Paulinho da Viola, pelo conhecimento das mensagens que traz.

SINAL FECHADO (Paulinho da Viola)

A – Olá, como vai?
B – Eu vou indo, e você, tudo bem?
A – Tudo bem, eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro. E você?
B – Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe?
A – Quanto tempo…
B – Pois é, quanto tempo…
A – Me perdoe a pressa
é a alma dos nossos negócios…
B – Oh! não tem de quê,
eu também só ando a cem.
A – Quando é que você telefona, precisamos nos ver por aí,
B – Prá semana, prometo, talvez
nos vejamos, quem sabe?
A – Quanto tempo…
B – Pois é, quanto tempo…
A – Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas
B – Eu também tenho algo a dizer , mas me foge a lembrança,
A – Por favor, telefone, preciso beber alguma coisa rapidamente
B- Prá semana…
A – O sinal…
B – Eu procuro você…
A – Vai abrir, vai abrir…
B – Prometo, não esqueço
A – Por favor, não esqueça, não esqueça, não esqueça.
B – Adeus

Sugestões para o trabalho do professor

A Língua Portuguesa pode ser estudada de uma maneira alegre, através das coisas habituais do nosso viver cotidiano. O conhecimento e a compreensão de uma linda canção de um dos nossos melhores compositores é essencial para o desenvolvimento do nosso senso artístico, e o entendimento de que a poesia não se encontra apenas nos livros mas ainda, e muito, no nosso saber popular.

A tônica da canção é a pressa. Trata-se de um texto muito rico – duas pessoas diante de um sinal fechado com um diálogo vazio.
Falta de assunto, desinteresse cansaço no plano da comunicação; diálogo totalmente vazio entre duas pessoas vazias engolidas pela pressa típica da sociedade atual, da sociedade moderna – significantes desprovidos de significados.
Distanciamento de ordem temporal – pressa de negociar, pressa de ganhar dinheiro, pressa de descansar, pressa de tomar uma bebida – justificam a vida estúpida que levam que eles mesmos criaram que os sufoca, mas que eles sentem a necessidade de justificar – “tudo bem”.
O sinal é um grito das ruas de que o homem tem que correr “vai abrir”, “”vai abri”… é o homem dos nosso dias que não quer parar, tem que correr.



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