Maria Bolacha (Lobivar Matos)
Velha, baixota, enrugada,
chinelos furados, dedos de fora,
pedaço de pau infalível na mão,
saco vazio, sem cor, dependurado nas costas,
saia rasgada,
trapo num corpo sujo,
trapo sujo na vida
vem vindo rua a dentro,
para aqui, corre depois, xinga lá
e está em toda parte.
– Maria Bolacha ! Mari Bolacha !
– Cala boca, meninos do inferno!
– Maria Bolacha! Maria Bolacha!
-Para aí, pestes.
Vão para os diabos, cambada de sem vergonha !
– Maria Bolacha! Maria Bolacha!
É isso,
trapo num corpo sujo,
trapo sujo na vida.
Poema de Lobivar Matos, escritor poeta e jornalista corumbaense – um dos primeiros poetas sul-mato-grossenses.
Maria Bolacha foi um tipo que andarilhou pelas ruas de Campo Grande, assustando as crianças. Excelente tema de pesquisa: Os nossos tipos sociais.
Ver em Ulisses Serra, nosso cronista maior – CAMALOTES E GUAVIRAIS (pag.101/02 Maria Bolacha e Josetti)