Observava na televisão uma reportagem sobre um dos primeiros espetáculos do Rock in Rio -um maduro artista americano que se apresentaria no início do Festival. Era um ensaio, e ele aparecia nas janelas do Copacabana Palace dando adeusinhos para um público restrito que ainda não se tocava tanto da sua presença ali. O artista aparecia entre as paredes, e a plateia que se formava gritava mais para o telhado do que para ele e o seu séquito, que não era pequeno.
A ceia pedida e enviada para a comitiva obedecia ao maior requinte, visto que os elementos do grupo eram exigentes e só comiam o que constava da lista . A água também deveria ser da marca exigida etc etc etc.
Mas, o que surpreendia mesmo, era a quantidade de material trazida dos Estados Unidos para o espetáculo. Eram toneladas e toneladas de cabos, fios e caixas de som que precisaram de caminhões para chegar até o seu destino- a cidade do Rock.
Paralelamente, um outro show acontecia, numa cidade do interior de São Paulo – eram dois meninos portando apenas, um violão e um microfone sobre um palco de madeira improvisado, num espaço de chão batido e que atraíam um público tão grande, que não se podia dimensionar – o rapaz que levava a câmera para filmar tinha que andar muito para poder fazer tomadas do público presente.
O público cantava e gritava, aplaudia, dançava ao som da linda voz daqueles meninos que haveriam de tornar-se famosos – Chitãozinho e Xororó a dupla que invadiu os espaços com seu talento e permanece no topo- com um violão só ou sem violão eles não deixam de dar o recado.