POESIA NOVA
A poesia começa a se modificar na segunda metade do século XX. Evolui para um outro plano mais formal em que a palavra “coisificada” aparece nos poemas óptico – sonoros passando a se vincular aos meios de comunicação de massa. Elimina-se o excesso do discurso e reforça -se a maior precisão semântica.
Quando a manhã, não a manhã
que chega sempre tarde
mas a que chegará à tarde,
à noite, a qualquer hora,
porque não obedece ao céu
nem ao relógio,
virá?
o relógio
soluça como um pássaro
em meu bolso
Cassiano Ricardo
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar,
sempre , e até de olhos vidrados , amar?
Drummond
23 de abril – Dia nacional do livro
Que faria eu, sem um livro na mão? Acho que ficaria meio perdida, sem saber o que dizer, porque estou ali a esperar, escrever ou falar coisas que nem estava pensando… Penso que perdi alguma coisa que me era muito cara e que não consigo recuperar… Sinto – me estranha. É um objeto que me faz falta e só com ele voltaria a ser uma pessoa reconhecível. Me procuro, me procuro e não me acho. Essa pessoa sem um livro, não sou eu e não adianta me procurar, porque não vai me encontrar, e além disso não confio nela. Como confiar numa pessoa que não faz uso dele? Só o livro poderá fazer de mim uma pessoa “encontrável”. Com ele poderei encontrar o caminho de mim e dos outros. Quero ter essa garantia … a garantia de que vou me encontrar sempre a partir dele e não das ideias desorganizadas de um um mundo caótico e fragmentado. Como viver sem ele, neste mundo instável e imprevisível?
De Castro Alves
Filhos do século das luzes
Filhos da grande Nação!
quando ante Deus vos mostrardes
tereis um livro na mão!
O livro, esse audaz guerreiro
que conquista o mundo inteiro
sem nunca ter waterloo
Éolo de pensamentos
que abrira a gruta dos ventos
donde a igualdade voou!