Já falamos nestes versos, mas vamos resgatar?
Jornal sem data data – Cassiano Ricardo
Tudo tão na hora
que já te antecipo
um peixe
que ainda irei buscar.
Ou dou-te já uma flor
que ainda me virá do Japão.
Como se a tivesse, já
na mão.
Tudo tão já
Sem onde, nem quando,
que o caçador me vende
um pássaro ainda voando.
Adianta-se o ponteiro
da hora exata
para a hora imediata.
A vida , um jornal de hoje
mas sem data.
Poema do Jornal – Carlos Drummond
O fato não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícias.
o marido está matando a mulher
A mulher ensanguentada grita
Ladrões arrombam o cofre
A polícia dissolve o meeting
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce
música mecânica.
Os dois poemas revelam a situação do homem moderno, com hora marcada para tudo. Existe a diminuição aparente do tempo na sociedade contemporânea; a superposição do tempo cronológico e do tempo psicológico.
Outros títulos:
O tempo no mundo moderno
A sociedade contemporânea
A vida é um jornal sem data
O homem moderno e o tempo