Abílio de Barros, nosso querido escritor que nos deixou há pouco tempo, escreveu uma interessante crônica sobre as eleições nos tempos dos coronéis. Fala do voto aberto em que o próprio chefe político, na mesa da votação, contabilizava seus adeptos e adversários. Aos adeptos caberia a proteção, aos adversários, a perseguição. Quem tinha mais poder, tinha mais adeptos. Essa era a lógica. Cabia também aos coronéis, zelar pela boa apresentação de seus adeptos: dia do voto- roupa nova e botina nova.
De onde vinha o poder dos coronéis? De seu seu dinheiro, é claro–para financiamento dos partidos e das botinas.
Como eles exerciam seu poder ? Pela nomeação e demissão dos funcionários: principalmente o delegado, a diretora da escola, os professores etc. Isso no nosso imaginário, representa a injustiça, o passado, o atraso.
Hoje, o progresso chegou… Quem são os financiadores das eleições? Quem garante a roupa nova e a botina? Não sabemos muita coisa…precisamos de CPIs…A botina é dada pelos programas sociais… Essa é a nova maneira de comprar votos. Agora pagamos nós, com o dinheiro dos impostos que sai do nosso bolso… é a consagração da venda do voto, da corrupção da escolha, sem dúvida muito maior que nos tempos dos coronéis…
Abílio diz: Saudades do atraso!
Saudades de você, Abílio!
Sugestão:
Que tal uma pesquisa sobre as eleições, desde os tempos dos coronéis até a era bolsonarista e as urnas eletrônicas? (com discussão no final, é claro)
De Gabriel Garcia Marques:
As pessoas não perdem os seus sonhos porque ficam velhas; elas ficam velhas porque perdem os seus sonhos.