Estava chegando o fim do ano. Conversei com minha sobrinha a respeito de como ela estava na escola – disse-me que estava muito bem, só tirava 10 e a disciplina de que mais gostava era Matemática.Fiquei contente com a sua resposta e pedi para ver o seu caderno.Todas as atividades estavam certas com nota 10. No meio delas vi uma que me chamou a atenção, estava assim:
1) 3+4 = 7 ———> 7-3 =4
2) 8+3= 11 ———–>11-8=3
E assim ia um página inteira dessa atividade, todas as contas certas com a nota 10 e um recadinho da professora. “Você é fofa, parabéns!”.
Resolvi perguntar a ela como tinha feito as operações.
Ela disse
Ora tia, é muito fácil; você está vendo esse 3 aqui, né, somou com o 4 deu 7, apontando para a primeira, (entendi que a ideia de adição estava boa); agora, olha o 7, você troca o sinal de+ para – e aí põe esse sinalzinho; e aí é que tem que prestar atenção: se põe um número aqui (o 3), põe outro ali (o 4). Foi o que eu fiz na segunda. Nem um sinal de que havia aprendido mais do que um puro mecanismo.
As crianças são inteligentes e criam mecanismos próprios para aprender e assim vão caminhando pela vida escolar, tirando 10, e sendo boas em Matemática. Mais tarde,vão tirando as dúvidas que ficaram. Sempre foi um costume meu, perguntar aos alunos, como eles fizeram as tarefas e teria coisas muito interessantes para dizer.
“Quando chegares e eu te vir chorando
de tanto de me esperar
que te direi?”
” Quem pagará o enterro e as flores se
eu morrer de amores?”
Vinícius de Moraes