Estamos vivenciando um momento de profundas transformações na leitura e na escrita também. Tudo parece que perdeu a profundidade e deu lugar a coisas leves, ligeiras, supérfluas,
como se isso fosse o certo. Se se falar sobre um livro grosso , de muitas páginas, as pessoas são capazes de correr léguas e suspender a conversa rapidamente. Tudo tem que ser resumido, mastigado, para que os acadêmicos ou as demais pessoas se interessem.
Pesquisando numa boa livraria, encontrei numa nova coleção da editora scipione, o clássico “Os Miseráveis” de Victor Hugo, adaptado pela professora Edy Lima
Comprei, li e observei bem de perto. Dei para algumas pessoas lerem. Todas gostaram muito. Pergunto: do livro ou pelo fato de ser resumido? “Dos dois, é claro, você acha que, nessas alturas da vida, eu vou ler “Os Miseráveis” em dois volumes? Nem morta!”
(existe em um volume só ). Vou colocar aqui o resumo do livro para que vocês leiam e pensem sobre a a obra:
Jean Valjean foi condenado à prisão por ter
roubado um pão para os sobrinhos famintos.
Libertado dezenove anos depois, foi ajudado
por um vigário e recomeçou sua vida.
Mais tarde, com o nome de senhor Madeleine ,
tornou-se um próspero empresário. Adotou a
órfã Cozette e foi morar com ela em Paris.
Mas, constantemente perseguido pelo obses-
sivo inspetor Javert, teve que lutar muito para mostrar
que era um homem de bem e conseguir viver em paz
Este é um resumo. Poderia ser outro. É um esqueleto da obra.Para uma conversa até pode servir. Mas, para o Vestibular ou para quem se se interessa por Literatura, é fraco. A obra é rica
pela análise das questões sociais, dos comportamento, dos subterrâneos de Paris, dos miseráveis, das injustiças, das condições objetivas de vida e mais…Vamos aprender a ler e abandonar os resumos?